sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Fundamentos de Cinema: Laranja Mecânica

Cartaz

O thriller Laranja Mecânica leva ao espectador uma projeção distópica de 1995, na qual grupos de jovens violentos dominam a Inglaterra e configuram um grave problema social. O protagonista Alex DeLarge (Malcolm McDowell) é o líder de uma dessas gangues, que, no decorrer da obra, é re-inserido à sociedade após um severo tratamento psiquiátrico, denominado Ludovico, que visava à mecanização de seus atos e impulsos.
A tag line do cartaz original explica bem a psique doentia de Alex (“sendo as aventuras de um jovem cujos principais interesses são estupro, ultra-violência e Beethoven”), cuja fotografia aparece em primeiro plano no cartaz, brandindo uma faca dentro do desenho de uma espécie de túnel no formato da letra A, que simbolizaria o seu próprio nome. Mais abaixo, na mesma figura, encontra-se a figura de uma mulher nua de joelhos, que nada mais é do que a principal máquina de serviço do Korova Milk Bar, local onde a gangue do longa-metragem se encontra para tomar leite com drogas. Nota-se que tanto esta figura – provavelmente, por motivos morais – quanto a tag line foram eliminadas do cartaz original na versão nacional. O fundo branco utilizado em ambos visa contrastar agudamente os elementos gráficos do texto, contrapondo o minimalismo da cor, símbolo de paz, ao conteúdo obscuro do filme.
Abaixo da figura principal, figura em destaque o nome do diretor da obra, Stanley Kubrick e o título do filme, em fonte bold cheia de angulações, simbolizando esteticamente o futurismo mecanicista retratado na película. É possível que a presença do nome de Kubrick no pôster seja justificada pela credibilidade artística agregada, incitando a críticos e espectadores a estabelecerem contato com a obra. Na versão nacional, o nome do diretor chega a constar duas vezes. No cartaz original, o título é colocado na mesma cor do fundo, enquanto figura no cartaz brasileiro com uma óbvia tonalidade laranja.


Título

O título, traduzido literalmente para o português, permanece críptico para muitos apreciadores da obra, uma vez que não é feita nenhuma referência relevante no roteiro – apesar de ser o nome do livro em que o personagem Frank Alexander trabalhava quando foi atacado pela gangue de DeLarge. O nome em inglês, A Clockwork Orange, faz menção a uma gíria londrina, mas com o sentido subvertido para simbolizar um homem (orang, em malaio – país onde o escritor do livro original, Anthony Burgess, serviu ao exército durante a II Guerra Mundial) que produz respostas mecânicas aos estímulos do seu meio (clockwork), conforme ocorre com Alex após o tratamento Ludovico. Em um ensaio posterior, “Clockwork Oranges”, Burgess explica que o título incorpora a história de forma metafórica, indicando que a laranja (simbolizando o homem) seria um organismo cheio de cor e, potencialmente, doçura, mas que encontra-se submetida a um ambiente pavloviano, que condiciona suas ações.


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