quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Álcool 'torna as pessoas mais bonitas', indica estudo

Depois de uns copos de cerveja, as pessoas realmente começam a achar os outros mais bonitos, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, e publicado na revista "New Scientist". A equipe liderada por Marcus Munafò, do Departamento de Psicologia Experimental, conduziu uma experiência com 84 alunos heterossexuais, pedindo que eles consumissem uma bebida não-alcoólica com sabor de limão ou uma bebida alcoólica com um sabor semelhante. A quantidade de álcool variava de acordo com o indivíduo, mas foi calculada para ter o efeito que um copo de 250 ml de vinho teria em uma pessoa de 70 kg - ou seja, o suficiente para deixar parte dos alunos levemente embriagados. Quinze minutos depois, os pesquisadores mostraram fotografias aos participantes de pessoas da sua idade, de ambos os sexos. Tanto os homens como as mulheres que haviam consumido álcool avaliaram as pessoas retratadas como mais atraentes do que os participantes do grupo de controle (que tinham tomado a bebida sem álcool).

Da BBC, via portal G1 (, acesso em 19 ago 2008).

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MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

“É incrível como este boteco anda mal freqüentado”, exclama Dionísio para seus três amigos. São 19h de uma sexta-feira, e o bar da região central da cidade está lotado, como de praxe. Após a dura jornada de trabalho, os colegas de Dionísio costumam reunir-se no local para tomar as merecidas primeiras cinco ou dez cervejas do fim de semana. Libertar-se do estresse agregado durante os quatro dias anteriores é a lei, assim como flertar com todos os pares interessantes de pernas no perímetro de um quilômetro.

Dionísio, no entanto, é o único dos quatro que possui carro, e acaba servindo de chofer para todos após a sessão alcoólica. Já foi de se alterar bastante, de consumir tudo o que fosse possível e se esbaldar na libertinagem, mas depois da agravação da Lei Seca, baixou o facho. Tudo o que faltava era perder a carteira de habilitação numa farra qualquer e ter de voltar a pé para casa. Ou pior, de ônibus. Mas, incrivelmente, seu repentino senso de cuidado também acabou por mexer com a sua libido.

“Cara, é impressão minha ou sempre teve esse bando de gente feia neste bar?”, indaga aos colegas de trabalho. “É incrível como não há ninguém que valha a pena abordar por aqui!”. E, após deixar os amigos, volta para casa, silencioso e desacompanhado. As responsabilidades mudam, e os critérios, também.

5 discos para NÃO se ouvir indo ao trabalho

Ir ou não à luta, eis a questão. Para muitos, não se trata exatamente de uma opção - me incluo nesse grupo. Então, para espairecer um pouco antes da puxada labuta rotineira, uso meu mp3 player como fonte de inspiração. E, por experiência própria, aí estão as dicas de 5 discos que você não deve ouvir neste percurso, por diversos motivos. Quem avisa, amigo é.


05. Garbage, "Garbage"

Ótimo disco, no qual sou viciado desde o lançamento, acontecido em um longínquo 1995. Pegada pop, letras boas, muitas guitarras e muitas texturas. E é aí que reside o problema. As texturas. São tantas guitarras e teclados e efeitos e vocais que fica difícil equalizar, mesmo para o Butch Vig. Soa bem em uma boombox, mas quando você coloca em fones de ouvido em uma rua movimentada ou uma estação de metrô, já era. Fica tudo ininteligível, perdem-se todos os detalhes e muitos dos elementos principais. Ouça somente em ambientes silenciosos.


04. Bob Dylan, "Bringing It All Back Home

Mesma coisa, só que diferente. Álbum clássico, sensacional. Mas ouvir Dylan requer atenção nas letras. Tá certo que esse foi o primeiro disquinho mais rock dele, então é interessante em termos de arranjo e tal. Mas a poesia é o que conta. Letras como as de "It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)", "She Belongs To Me" e "It's All Over Now, Baby Blue" não podem passar despercebidas. Só que o típico ruído urbano, na maioria das vezes, tapa toda a mensagem externada por Dylan em sua voz fanhosa e autêntica. Ou autenticamente fanhosa. Ah, também há outro contra: "Maggie's Farm". Ouvi-la no caminho para o trabalho, quando você não está numa relação muito boa com os colegas ou com o chefe, pode incitar rebeldias descabidas e lhe causar problemas.



03. Nico, "Chelsea Girl"
Um motivo só: dá sono. Imagine você, em pé dentro do ônibus lotado em plena manhã de quarta-feira, ouvindo a todas aquelas guitarrinhas limpas e flautinhas e quartetinho de cordas e a voz extremamente entediada de Nico sobre 10 gemas pop bem lentas. Não dá outra. Mesmo o disco sendo bom, os joelhos não se seguram e você cai nos braços de Morfeu em pé mesmo. Só tome cuidado com as curvas fechadas.
O conselho se aplica ao restante da discografia da Nico, bastante experimental e bizarra. Coisas que não vão lhe interessar em ouvir às seis da manhã. Exceto o disco com o Velvet.




02. Nirvana, "In Utero"

Os inconvenientes são vários. O primeiro é o som característico do disco, produzido pelo Steve Albini, mestre das baterias estrondosas e das guitarras rasgadas. Isso pode produzir dois efeitos em você: a) gerar agressividade gratuita e você chegar no trabalho querendo socar o seu gerente, sem mais nem menos; ou b) te atordoar e você adentrar o local de serviço sem nem saber o seu nome, quanto mais as suas tarefas. Sem falar nas letras altamente depressivas de Kurt, totalmente desaconselháveis em casos de insatisfação ou frustração profissional.



E o vencedor é:




01. Marianne Faithfull, "Broken English"

Esqueça Elliott Smith ou Joy Division ou qualquer álbum desses exemplos clássicos de live-fast-die-young. Esse é o disco mais suicida de todos os tempos.
Contextualizando: Marianne nasceu em berço de ouro, virou pop star aos 17, mãe aos 18, mulher do Mick Jagger aos 19 e viciada em heroína e cocaína aos 23. Nem tente comparar: Amy Winehouse ainda perde. Após o fim da relação com o Rolling Stone, desistiu da carreira (ops!), entregou o filho para a avó e foi morar nas ruas de Londres, dedicando-se inteiramente aos maus hábitos, que deixaram sua voz de anjo limitada a grunhidos. Dois anos depois, conseguiu um novo contrato com uma gravadora, casou-se com o guitarrista da banda punk Vibrators, mudou-se para um apê bem caído, sem água nem eletricidade, e gravou Broken English.
O disco parece incorporar todos os sofrimentos de Marianne, direta ou indiretamente. Apesar de embalado em um sotaque eletrônico-ridículo, com tons de pós-punk e reggae, a voz rascante da cantora legitima todos os transtornos explanados nas letras, desde falta de grana ("Brain Drain") e abstinência de drogas ("What's the Hurry?") até o ápice da frustração sexual (a famigerada e x-rated "Why D'Ya Do It?"). Além disso, Marianne se identifica profundamente os sofrimentos de gente muito distante de sua realidade, como a terrorista alemã Ulrike Meinhof ("Broken English") e mesmo a classe trabalhadora (versão aterradora de "Working Class Hero", do Lennon). A própria cantora chegou a afirmar que esperava morrer depois desse disco, por isso a desova de tanta intensidade de uma vez só.
Portanto, se é o disco mais suicida de todos os tempos, qualquer pessoa minimamente descontente com o seu trabalho deve ficar o mais longe possível deste trabalho, porque a negatividade vai te puxar pra baixo. Não há como escapar. Totalmente desaconselhável para office boys & girls. Operadores de telemarketing, então, devem passar a quilômetros de distância. Okie dokie?

terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu vi o não, eu vi a bala matadeira.

O palco é uma entidade distinta do nosso raso senso de realidade. Não importa o quão insignificante o indivíduo possa ser: uma vez movido por paixão e determinação, não sobra rastro de sua aparência cotidiana. Não importam as imperfeições, pois todas elas adquirem um senso de propósito, de assimetria intencional. E o artista pode se desnudar, porque a sua vulnerabilidade lhe confere poder.

Foi o que percebi sábado.

De repente, apagaram-se todas as luzes do palco e começaram a ser projetadas animações estranhas e ininteligíveis em cima da banda. Esse recurso viria a substituir os canhões de luz durante toda a apresentação. E então ela sobe, marchando entre os músicos. Top branco, botas pesadas cinzentas. A calça parecia um suéter branco costurado sobre os quadris. Os usuais dreadlocks vermelhos eram entremeados por mechas tamanho máquina 5. Ela não possui um corpo escultural. Até pelo contrário. É baixinha e tem uma expressão leve, mas permanente, de cansaço. Tanto no rosto como na postura. Mas os olhos de fera sobressaem, assim como a linguagem corporal nosferática.

Rebeca Matta pode ser baiana, mas cabe mais em uma São Paulo pós-apocalíptica ou em uma Curitiba de Dalton Trevisan. O som é algo totalmente distinto. Como li em uma descrição dia desses, "é muito rock pra ser MPB, muito MPB pra ser rock e muito eletrônica para ser os dois". É Faith No More produzido por William Orbit e com Beth Gibbons no vocal. Não com aquele sentimento cool e distante, mas contundente como a Bethânia de "Carcará", sem perder o timbre suave e límpido.

Ninguém pareceu entender muito bem. Nem mesmo quando ela tentou chegar ao nível dos mortais com as suas perversões de "Mistério do Planeta", dos Novos Baianos, "Xique-Xique (Parabelo)", de Tom Zé, ou de duas da Gal ainda relevante: "Divino, Maravilhoso" e "Vapor Barato".

Mas ficou o impacto. Que é muito melhor do que a reles massagem no ego do publiquinho universitário lugar-comum.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Você.

Você
é brasa que arde sob a pele.
Junto a você, fico ofegante,
mal consigo respirar.
Meu corpo se entorpece,
não tenho cabeça pra mais nada.
O tempo pára, e eu só consigo te sentir.
Tudo por causa de você.
Sua gripe safada.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Para Estefânia

E lá vai ela, selvagem e impulsiva, adentrando os 19. Marca ingrata, absurda, aguda e cruel que os anos fazem sobre o indivíduo. Análise numerológica: 1+9=10. 1+0=1. É o início de um novo ciclo, ou o reinício do mesmo, em seu eterno retorno.
Ninguém nunca me avisou que ter dezenove era pior do que ter treze, ou dezessete, idades igualmente críticas. Mas, no fim das contas, a gente sai desse período com a cabeça erguida, sabendo que podem vir as tropas napoleônicas pra cima que nós estraçalhamos numa só dentada. Isso eu falo mesmo ainda faltando um mês e meio pra já adentrar a casa dos jurássicos e deprimentes Vinte.
Neste exato momento, toca "When I Grow Up" do Garbage nos meus fones de ouvido. Quando eu crescer, eu serei estável. Quando eu crescer, eu transformarei tudo. Isso é o que Shirley Manson me diz e eu ouço até hoje, acatando admirado, crente que um dia eu farei jus a essas frases. E eu lhe digo: curta seus dezenove da melhor e da forma mais selvagem possível. E lembre-se: você ainda é uma teenager (nineTEEN). Isso pode ser usado em seu favor.
Mas também, quem sou eu pra lhe dizer alguma coisa!

Senhas

São dez pras cinco da tarde e eu arrumo as senhas para o atendimento dos clientes do dia seguinte. Todas emaranhadas numa pequena caixa de papel. É quase sempre nesse horário que me lembro de organizá-las. Misturam-se vontade de sair o mais rápido possível e ponderação sobre adiar as tarefas de amanhã. Meu ímpeto principal é o de deixar as coisas inacabadas, esparsas, jogadas por aí. É assim com muitas coisas. O amanhã, ora essa, não existe: é apenas um conceito pra permitir que o homem seja coerente, de alguma forma. Mesmo que seja na sua incoerência.

Oitenta e três, oitenta e dois, oitenta, setenta e sete, vinte e cinco. Junto tudo em pequenos montes, pra depois colocar tudo no devido lugar, em ordem crescente. Lembro-me da época em que roubaram a senha um. Quando o primeiro da fila, às sete da manhã, pegava a senha dois, exclamava: "nossa, que eficiência! o atendimento mal começou e uma pessoa já concluiu seu processo inteiro!". Quer dizer, devia exclamar. Eu exclamaria. Whatever.

Enquanto isso, os funcionários todos já se reúnem em volta do relógio de ponto. Eu os observo com o canto dos olhos, murmurando qualquer coisa dos Eurythmics. I should've known better, but I trusted you at first. I should've known better, but I get what I deserve, uo-uo-uo-uou. Mas quando o sinal toca, o amanhã pouco importa mesmo. As senhas ficam lá, do modo que estiverem. Afinal, a ordem dos fatores não muda o resultado da operação mesmo.

Metalinguagem

Cá estou eu, nesta sala gelada e impessoal, cheia de gente. Um ruído grave de ar condicionado toma o ambiente. O cheiro me lembra algo de industrial. Neste ambiente, sento-me a este computador velho com meu MP3 player e escrevo. Escrevo sobre o que me invade e toma conta. Sobre todas as emoções clandestinas que fazem assentamentos na minha mente e lá permanecem, exigindo consideração até que chegue uma força coercitiva ou redentora.
Escrevo sobre mim, sobre você, sobre nós e sobre os outros. Para mim e para todos.
Principalmente, pra você.
Espero que essas parcas linhas lhe agradem.

Águas barrentas

Quando o choque veio, não havia me preparado. De repente, me vi lutando para respirar entre os escombros de uma vida até então muito distante de mim. Como reação, veio o instinto (auto)destruidor. Aquela dor necessária precisava ser impedida. Uma anestesia ou somatização qualquer, por favor.
Mas, após atingir o fundo, consegui enxergar que estava me afogando em um lago que dava pé. Apenas não enxergava porque eram águas turvas, barrentas.
A solução? Primeiramente, seria boiar, me entregando ao acaso. Ou então me erguer e aguardar pacientemente o bote salva-vidas.
E não é que ele parece vir?

terça-feira, 15 de abril de 2008

No início, era o verbo.

Foda-se, eu não agüento, ele disse. E tudo se transformou ao redor. Pela primeira vez, ele admitia que não era nenhum ser sobrenatural que agüenta todo o peso do mundo com um sorriso no rosto, e passava a aparentar ser uma pessoa normal. Como ele de fato era. Os céus se abriram com sua palavra libertadora. Foda-se, não é nada de mais, não é nem mesmo um palavrão. É a mera concretização do desapego. Não se pode ter o controle de tudo, afinal. E quem foi mesmo quem disse a ele que deveria ser este Grande Responsável por Tudo? Deste momento em diante, ele foi outro. Limites estabelecidos, seus fantasmas se foram. Se um verbo o tornou livre, porque outros termos não ajudariam?
Afinal, o vai-à-puta-que-o-pariu e o vai-tomar-no-olho-do-seu-cu não devem ter sido criados à toa.

Arquetípico

Na rua deserta, passo pelo muro com o reboco caído que um dia já simbolizou minha dor. Ainda tenho a foto. Minhas mãos longas tocam a ferida da parede como se fossem a minha própria. Nada de físico, apenas abstração. A baixa resolução do arquivo dava conta do resto. Hoje, já não me disse mais nada. É apenas um muro maltratado numa rua suja e esquisita. Tocá-lo não é mais nada de arquetípico. Deixar de fazê-lo é apenas sensato. E eu sigo em frente. Não tão resoluto, mas resiliente.

Peixes em cativeiro

Plantado neste escritório, quero desaparecer. Brota em mim um desejo intenso de sumir por entre as letras de todos os protocolos e planilhas. Quero enfiar a cabeça na camisa social e partir para uma existência paralela, como no clipe dos Chemical Brothers. Mas, neste momento, sou Vishnu, criando tudo com meus múltiplos braços e sendo sugado por todos aqueles que anseiam, simultaneamente, por ócio e remuneração. Cínicos. Tédio, raiva contida e autoindulgência se misturam: isso é o pior de ter lua e marte em Peixes, em conjunção. E, claro, passar dez horas do meu dia enfurnado aqui. No fim, tudo se resume a uma frustração esperançosa.

Esperançosa em dar o fora, claro.